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A Guerra Civil americana foi seguida de um boom na construção de ferrovias, que se tornaram as maiores empregadoras do país depois da agricultura. Atividade de capital intensivo, com riscos e retornos altos, atraiu especuladores, mas alavancou um crescimento excepcional da economia como um todo.

O historiador Richard White diz, entretanto: “O capital que construiu estas linhas não vinha dos empresários, na verdade, eles persuadiram o Congresso a lhes conceder enormes subsídios.” (….) A Union Pacific levantou US$ 43 milhões em subsídios, outras ferrovias, mais de 131 milhões de acres de terra.” White explica essas benesses: “resultado da corrupção política”.

Henry Raymond, editor do “New York Times”, escreveu em 9 de fevereiro de 1859 o editorial “Your money or your line”: “(O comodoro) Cornelius Vanderbilt… exigiu que a Pacific Company lhe pagasse pedágio, cobrado a todo americano que tivesse negócios com a Califórnia.”

O presidente Theodore Roosevelt se referiu a alguns tycoons como “malfeitores endinheirados”. Em 1890, o magnata do cobre William Clark desembolsou US$ 140 mil (milhões hoje) para ser apontado senador (indireto) por Montana.

“Robber Barons”, cunhou Richard White, “(é) como os antigos barões alemães, que, de suas fortalezas, ao longo do Reno, se debruçavam sobre comércio do grande rio e impunham taxas a cada embarcação que passasse navegando.”

A 17ª Emenda e a Lei do Estado de Montana de 1912 vieram limitar o gasto empresarial em política e suas distorções.

“Capitães da industria”, afirmou Thomas Carlyle, em “Past and Present”, como John D. Rockefeller, que aproveitou os subprodutos do querosene e comercializou baixando seu preço e, com isso, comprou concorrentes na bolsa. O trust teria ajudado a Standard Oil a ser a grande empresa americana.

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Em 1873, 1884 e 1893, sucedem crises no setor ferroviário, quedas das ações, falências bancárias e na siderurgia. Nesse contexto, implantou-se o primeiro procedimento de “recuperação empresarial”, em 1898, o Nelson Act, para preservar os negócios, os ativos, os empregos e os credores.

O escândalo, de proporções ciclópicas, do mercado financeiro americano em 2008 foi sanado graças à capitalização com recursos públicos dos bancos privados afetados, à irrigação sistêmica, via Fed, e à punição das pessoas culpadas.

Ao norte do Equador, os tycoons são todos privados!

Ao sul daquele, nossa Lei de Recuperação Judicial, no artigo 47, também dispõe: “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, emprego dos trabalhadores e interesses dos credores, promovendo assim a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

Ora, aqui “ao sul do Rio Grande”, a necessária profilaxia ética precisará, igualmente, preservar o patrimônio tecnológico e empresarial do Brasil, mas debater em profundidade as raízes últimas desta crise econômica, moral e financeira na Operação Lava-Jato.

Assim, vamos discutir como uma reforma política poderá precatar relações incestuosas público-privadas e impedir o financiamento eleitoral privado de grandes proporções.

Principalmente, questionar o papel do Estado como nosso maior tycoon, raiz do loteamento político de cargos em superempresas e manchete de hoje e dos distorcidos negócios do petróleo no Brasil.

Ou, é como a música do Chico:

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“Não existe pecado do lado de baixo do Equador/ Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor… Quando é missão de esculacho, olha aí, sai de baixo/ Que eu sou professor…”

Ou, privatização ampla, geral e irrestrita, já!!!!!

Fonte: O Globo

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